segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Para Sempre




Hoje li um texto de uma escritora brasileira que me conseguiu pôr completamente absorto na sua escrita, e que achei lindo e ao mesmo tempo duma veracidade total. Por isso aqui o transcrevo no meu Blog pois acho que realmente é lindo demais para se passar ao lado.


" "Para sempre", em minha opinião, é nada mais nada menos que um dia depois do outro. Ou seja, é construção. Basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o "para sempre". O que quero dizer é que o "sempre" não é magia nem tão pouco um tempo que pré-exista. Ele é consequência. Nada mais que consequência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto. Quanto ao amor, tem gente que acredita que só é de verdade se durar “até que a morte os separe”. Eu admiro a coragem de quem vai até o fim, de quem se entrega inteiramente ao que sente, de quem se permite viver aquilo que seu coração pede até que todas as chamas se apaguem. Mais do que isso: até que as brasas esfriem e – depois de todas as tentativas – nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu. Claro que não estou defendendo a constância indefinida de atitudes desequilibradas, exageros desnecessários ou situações destrutivas. Mas concordo plenamente com o que está escrito no comovente “Quase”, de Sarah Westphal (muitas vezes atribuído a Luiz Fernando Veríssimo):... “Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de voltar a tentar”.... Porque de corações partidos por causa de um amor vivido pela metade as ruas estão cheias. Assim como de almas que perambulam feito pontos-de-interrogação, a se questionar o que mais poderiam ter feito para que o outro também estivesse presente, para que não fugisse tão furtivamente, tão covardemente, tão sordidamente. É por isso que insisto: muito mais do que nos preocuparmos com o "para sempre", precisamos começar a investir no "até o fim", para que o "agora" tenha mais significado, para que as intenções, as palavras, as atitudes e todos os recomeços façam parte de uma história mais sólida, menos prostituída, que realmente valha a pena.Então, questione-se: o coração ainda acelera quando o outro se aproxima? O peito ainda dói de saudade? O desejo ainda grita, perturbando o silêncio da noite? Não chegou ao fim! Não acabou.Sei que, em alguns casos, motivos de força maior impedem um amor de ser vivido, mas na maioria das vezes o que afasta dois corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente justifique o lamentável desfecho."
Como na música “Evidências”, de Roberta Miranda: “Quando digo que deixei de te amar, é porque eu te amo. Quando digo que não quero mais você, é porque eu te quero (...)” Na música ainda há a confissão, mas em geral, o que vemos são pessoas usando expressões mais para agressivas do que para amorosas só para não evidenciarem o quanto estão apaixonadas e o quão intensamente desejam viver a relação.


"Sem o seu riso, um aposento cheio de gente tagarelando parece frio e vazio." (N. Naidoo)

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei o texto!
Concordo com o que foi escrito.
Viver o agora é urgente!
Por isso, eu mostro o quanto amo todas as pessoas importantes na minha vida, desde o meu J., à minha família, aos meus amigos. Só assim me sinto bem!
Só assim vale viver!
Estou a gostar imenso do teu blog.
Parabéns por esta escrita e estas escolhas fantásticas!

*.*