quinta-feira, 12 de julho de 2007
Apocalipse Now
segunda-feira, 12 de março de 2007
Pintar a Vida
quinta-feira, 8 de março de 2007
Terapia Musical
If you weren't real
I would make you up
I wish that I could follow through
I know that your love is true
And deep
As the sea
But right now
Everything you want is wrong,
And right now
All your dreams are waking up,
And right now
I wish I could follow you
To the shores
Of freedom,
Where no one lives.
Remember when we first met
And everything was still a bet
In love's game
You would call;
I'd call you back
And then I'd leave
A message
On your answering machine
But right now
Everything is turning blue,
And right now
The sun is trying to kill the moon,
And right now
I wish I could follow you
To the shores
Of freedom,
Where no one lives
Freedom
Run away tonight
Freedom, freedom
Run away
Run away tonight
Looking for someone to trust
Without A fight
I think that you came too soon
You're the honey and the moon
That lights
Up my night
But right now
Everything you want is wrong,
And right now
All your dreams are waking up,
And right now
I wish that I could follow you
To the shores
Of freedom
Where no one lives
Freedom
Run away tonight
Freedom freedomRun away
Like pigeons on my windowsill
We hang around
Ever since I've been with you
You hold me up
All the time I've falling down
And right now
I wish I could follow you
To the shores
Of freedom
Where no one lives
sábado, 3 de março de 2007
Ruas Solitárias
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
Vôvô
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
Maldição Pensativa
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
Avanço de Um Mar de Problemas....
domingo, 4 de fevereiro de 2007
Utópica Filosofia
Quem é que sabe o que quer que seja sobre o que quer que seja ? Quem é que sabe o que quer que seja sobre a vida, a Filosofia, a Metafísica, a Dor, ou a Morte ? Ninguém é ninguém para saber ou ter conhecimento suficiente para teorizar sobre tudo isto que nos envolve. Como diria Sócrates "Quanto mais penso que sei, mais sei que menos sei". Há dezenas de Filósofos com as mais diversas teorias e ideologias. Ora suponho que não estejam todas correctas.... E todos os grandes Filósofos se contradizem entre eles. Em quem devo "acreditar" ou seguir sua ideologia ? Platão ? Sócrates ? Aristóteles ? Kant ? Schopenhauer ? Voltaire ? Nietzsche ? Fernando Pessoa ?? Cada um tem a sua própria Filosofia, e cada um em algum ponto dessa tem razão, e fundamentos, mas lá está, em SUA própria Filosofia.... e a Filosofia é tudo menos matemático ou cientifico, pois cada um tem a sua própria Filosofia, dado que a Filosofia nada mais é que a introspecção, o pensar, e claro está, o sentir. E cada um pensa de maneira diferente, sente de maneira diferente (como diria Pessoa "Vejo o mundo como sou e não como ele é.") e por isso mesmo é impossível chegar-se a um consenso total e irrefutável. Claro que nos podemos apoiar ou identificarmo-nos com outras Filosofias, é normal, tal como eu me identifico bastante com as teorias e ideologias de Platão, do genial Schopenhauer, e de Nietzsche, entre outros, mas obviamente náo concordo com tudo em nenhum deles, pois eu tenho as MINHAS próprias ideologias e a minha própria Filosofia, da qual penso ser a maneira mais correcta de ver o mundo e a vida, tal como todos os outros com suas próprias Filosofias. A Filosofia alheia apenas nos ajuda a estruturar melhor a nossa, e a aprender a pensar e a ver a vida e o mundo de diferentes prismas, que assim nos ensinam a melhorar a maneira de pensar e sentir. O que viemos cá fazer ? Temos de facto algum objectivo aqui ? Para onde vamos ? E de onde viemos ? Qual o verdadeiro sentido de tudo isto ? Estas e muitas mais outras grandes questões aparentemente, não terão nunca resposta, ou pelo menos num futuro tão cercano. Kant por exemplo idealizava que tudo o que percepcionamos é filtrado através das formas do espaço e do tempo, e que nós não podemos "conhecer" verdadeiramente o mundo real, era tudo uma representação, ou seja beseava-se na metafísica, tal como Schopenhauer também idealizava o mundo e sempre também com uma teoria pessimista e negativista (se bem que eu prefiro chamar-lhe de realista....) sobre o Homem, pois afirmava por exemplo que aquilo que se conhece como felicidade seria apenas a interrupção temporária de um processo de infelicidade, e como disse uma vez "Amar é sofrer". Já Sócrates que acreditava também na alma na virtude e no amor. Para ele a virtude derivava do conhecimento e aqueles que têm conhecimento têm virtude e, portanto, agem corretamente, já as pessoas que não agem correctamente, o fazem por falta de conhecimento, por mera ignorância. Já no outro pólo temos Nietzsche que era contra a metafisica, e total descrença no que quer que se pudesse considerar "extra-mundano",era o Anti-Cristo total, e uma das suas frases mais célebres é alias "Deus está morto !". Todos eles entre si discordavam em vários pontos e concordavam noutros, mas ao mesmo tempo, todos eles com a sua razão. Por isso me pergunto, que devo eu fazer ? Deverei ter algum tipo de conduta em detrimento de outra ? Como devo viver eu (ou qualquer Humano) a vida ? Estarei certo ? Estarei errado ? Infelizmente ninguém tem as respostas absolutas de tudo, por isso o máximo que posso fazer é tentar agir de acordo com os melhores valores morais possíveis. Ninguém por mais genial que seja tem as respostas da vida. No máximo tem as suas teorias, e apenas temos de respeitá-las a todas, concordando ou não, já conforme as nossas próprias teorias e Filosofia. Mas responder ao que mais se anseia saber, isso, por enquanto, é apenas uma quimera, uma utopia.
Tal como as nossas vidas....
(Quero apenas aradecer aqui á minha modelo, a Joaninha que tanta paciência tem para me aturar, tanto como modelo como amiga ! Adoro-te miuda !)
segunda-feira, 29 de janeiro de 2007
AMÁLIA RODRIGUES
Já li bastantes poemas dos mais variados autores, e sempre me perguntei qual deles seria o melhor, pergunta difícil dado que eram todos excelentes, mas finalmente consegui "descobrir" o melhor poeta do mundo. E não é um poeta. É uma poetisa ! AMÁLIA RODRIGUES !
Já li a obra completa de Pessoa, de Cesário Verde, vários de Florbela Espanca, Walt Whitman, e muitos outros "soltos", e são todos geniais, mas, a Amália consegue ser simplesmente a mais genial que jamais li. A força dos seus poemas, o seu significado, a sua entrega, a sua maneira de ver a vida, a sua dor e sofrimento, enfim TUDO mesmo é simplesmente de arrepiar quando se lê os seus versos e poemas. Claro que já nem falo na sua música, que essa já é mais que sabido o quão boa e linda que era, reconhecida literalmente em todo o mundo, fazendo sucesso por onde quer que passasse, desde a ásia, á américa, a áfrica e europa.
Em 1976 quando foi publicado pela UNESCO o disco "Cadeau de la Vie" figura ao lado de Maria Callas, John Lennon, Yehudin Menuhin, Aldo Ciccolini, Gyorgy Cziffra, e Daniel Barenboim.
Como é óbvio este post não estaria completo sem um ou dois dos seus poemas, mas o problemas nos poemas da Amália e exactemente esse, escolher apenas um ou dois. Por isso vou meter aqui bem mais do que um ou dois, vou meter aqui aqueles que mais me tocaram e que achei serem os mais lindos. Talvez me fascinem tanto os seus poemas por tratarem exactamente dos mesmos temas e assuntos dos meus, e por lhe preocuparem as mesmas coisas, e pelo seu sofrimento tão sentido e profundo, talvez seja por me identificar tanto com ela que a considero a meu simples ver a "número um", mas como já sabemos, como disse um heterónimo de Pessoa "Vejo o mundo como sou e não como ele é". Quem quiser conhecer melhor, e acho que toda a gente devia ler pelo menos uma vez os seus poemas, pode comprar o livro, que se intitula apenas de "Versos Amália Rodrigues".
Aqui fica então a minha sentida homenagem a esta extraordinária e genial enorme Mulher que foi a Amália Rodrigues, que muito infelizmente já não se encontra no meio de nós, mas que com toda a certeza nunca nos deixará....
Estranha Forma de Vida
Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade
Que todos os ais são meus
Que é toda minha a saudade
Foi por vontade de Deus
Que estranha forma de vida
Tem este meu coração
Vive de vida perdida
Quem lhe daria o condão
Que estranha forma de vida
Coração independente
Coração que não comando
Vives perdido entre a gente
Teimosamente sangrando
Coração independente
Eu não te acompanho mais
Pára deixa de bater
Se não sabes onde vais
Porque teimas em correr
Eu não te acompanho mais
Ai Esta Pena de Mim
Ai esta angústia sem fim
Ai este meu coração
Ai esta pena de mim
Ai a minha solidão
Ai a minha infância dorida
Ai o meu bem que não foi
Ai minha vida perdida
Ai lucidez que me dói
Ai esta grande ansiedade
Ai este não ter sossego
Ai passado sem saudade
Ai a minha falta de aprego
Ai de mim que vou vivendo
Em meu grande desespero
Ai tudo o que não entendo
Ai o que entendo e não quero
Gostava de Ser Quem Era
Tinha alegria nos olhos
Tinha sorrisos na boca
Tinha uma saia de folhos
Tinha uma cabeça louca
Tinha uma louca esperança
Tinha fé no meu destino
Tinha sonhos de criança
Tinha um mundo pequenino
Tinha toda a minha rua
Tinha as outras raparigas
Tinha estrelas tinha a lua
Tinha rodas de cantigas
Gostava de ser quem era
Pois quando eu era menina
Tinha toda a Primavera
Só numa flor pequenina
Tive Um Coração Perdi-o
Tive um coração perdi-o
Ai quem mo dera encontrar
Preso no fundo do rio
Ou afogado no mar
Quem me dera ir embora
Ir embora sem voltar
A morte que me namora já me pode vir buscar
Tive um coração perdi-o
Ainda o vou encontrar
Preso no lodo do rio
Ou afogado no mar
Trago Fados Nos Sentidos
Trago fados nos sentidos
Tristezas no coração
Trago os meus sonhos perdidos
Em noites de solidão
Trago versos trago sons
Duma grande sinfonia
Tocada em todos os tons
Da tristeza e da agonia
Trago amarguras aos molhos
Lucidez e desatinos
Trago secos os meus olhos
Que choram desde meninos
Trago noites de luar
Trago planícies de flores
Trago o céu e trago o mar
Trago dores ainda maiores
Quando Se Gosta de Alguém
Quando se gosta de alguém
Sente-se dentro da gente
Ainda não percebi bem
Ao certo o que é que se sente
Quando alguém gosta d'alguém
É de nós que não gostamos
Perde-se o sono por quem
Perdidos de amores andamos
Quando alguém gosta de alguém
Anda assim como ando eu
Que não anda nada bem
Com este mal que me deu
Quando se gosta de alguém
É como estar-se doente
Quanto mais amor se tem
Pior a gente se sente
Quando se gosta de alguém
Como eu gosto de quem gosto
O desgosto que se tem
É desgosto que dá gosto
Lágrima
Cheia de penas
Cheia de penas me deito
E com mais penas
Com mais penas me levanto
No meu peito
Já me ficou no meu peito
Este jeito
O jeito de te querer tanto
Desespero
Tenho por meu desespero
Dentro de mim
Dentro de mim um castigo
Não te quero
Eu digo que não te quero....
E de noite
De noite sonho contigo
Se considero
Que um dia hei-de morrer
No desespero
Que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile
Estendo o meu xaile no chão
Estendo o meu xaile
E deixo-me adormecer
Se eu soubesse
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias
Tu me havias de chorar
Uma lágrima
Por uma lágrima tua
Que alegria
Me deixaria matar
Ai Minha Doce Loucura
Ai minha doce loucura
Ai minha loucura doce
Meu amor se assim não fosse
Seria a noite mais escura
Meu amor se assim não fosse
Se eu dantes tinha fome
Meu amor anda faminto
Com os beijos que te dei
O que sinto eu já não sei
Eu já nem sei o que sinto
Seria a noite mais noite
Meu amor se assim não fosse
Seria a noite mais escura
Ai minha doce loucura
Ai minha loucura doce
Ai minha loucura doce
Ai minha doce loucura
Ai minha loucura louca
Eu hei-de achar a tua boca
Mesmo na noite mais escura
Se minha alma não ousa
Meu coração que se afoite
Eu hei-de achar tua boca
Ai minha loucura louca
Mesmo na noite mais noite
Meu amor se assim não fosse
Seria a noite mais escura
Ai minha loucura doce
Ai minha loucura louca
Ai minha doce loucura
O Fado Chora-se Bem
Moram numa rua escura
A tristeza e a amargura
A angústia e a solidão
No mesmo quarto fechado
Também la mora o meu fado
E mora meu coração
Tantos passos temos dado
Nós as três de braço dado
Eu a tristeza e a amargura
À noite um fado chorado
Sai deste quarto fechado
E enche esta rua tão escura
Somos vizinhos do tédio
Senhor que não tem remédio
Na persistência que tem
Vem p'ró meu quarto fechado
Senta-se ali a meu lado
Não deixa entrar mais ninguém
Nesta risonha morada
Não há lugar p'ra mais nada
Não cabe lá mais ninguém
Só lá cabe mais um fado
Que neste quarto fechado
O fado chora-se bem
Amor de Mel Amor de Fel
Tenho um amor
Que não posso confessar
Mas posso chorar
Amor pecado
Amor de amor
Amor de mel
Amor de flor
Amor de fel
Amor maior
Amor amado
Tenho um amor
Amor de dor
Amor maior
Amor chorado
Em tom menor
Em tom menor
Maior o fado
Choro a chorar
Tornando maior o mar
Não posso deixar de amar
O meu amor em pecado
Foi andorinha
Que chegou na Primavera
E eu era quem era
Fado maior
Cantado em tom de menor
Chorando um amor de dor
Dor de um bem e mal amado
Grito
Silêncio
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido
Ao céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás d'ela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora
Solidão
Que nem mesmo é inteira
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura
Ai solidão
Quem fora escorpião
Ai solidão
E se mordera a cabeça
Adeus
Já fui p'r'além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede
Adeus
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai como dói
A solidão quase loucura
Horas de Vida Perdida
Horas de vida perdida
À procura de viver
Vai-se á procura da vida
Não a encontra quem quer
Quem sou eu para dizer
Quem sou eu para o saber
Nem sei se sou ou não sou
Ninguém pode conhecer
Isto de ser e não ser
Sem saber sei entender
Assim sei o que não sei
Sinto que sou e não sou
Entre o que sei e não sei
A minha vida gastei
Sem conseguir entender
Ai quem me dera encontrar
As rimas da poesia
Ai se eu soubesse rimar
Tantas coisas que eu dizia
O Tempo Dantes Corria
O tempo dantes corria
E eu ainda corria mais
Mas vi-te e desde esse dia
Que correm mais os meus ais
O tempo dantes corria
E com ele meus folguedos
Mas vi-te e desde esse dia
Correm p'ra ti meus segredos
O tempo dantes corria
E eu corria para a vida
Mas vi-te e desde esse dia
Fiquei de vida perdida
O tempo dantes corria
E eu vivia a correr
Mas vi-te e desde esse dia
Que corro só p'ra te ver
Por Que Voltas De Que Lei
Por que voltas de que lei
Vem este sentir profundo
Por te ver como sei
Me sinto dona do mundo
Por que espada de que rei
Meu amor é fogo posto
És tanto de quanto amei
Que és tudo de quanto gosto
Por este amor que te tenho
Por ser assim como sou
És inferno de onde venho
És o céu para onde vou
Por que voltas de que lei
És tudo de quanto gosto
Me perdi e me encontrei
Nas voltas que tem teu rosto
Por que voltas de que rei
Em meu peito te desenho
És tanto de quanto amei
Que és todo o mundo que tenho
E de tão rica que estou
Nunca tão pobre fiquei
Por ser assim como sou
E te saber como sei
Mãos Desertas
Nesta solidão que é minha
Mora a minha inquietação
E esta angústia que me mata
Mora no meu coração
Salvai o meu coração
Que se queima na fogueira
No fogo desta paixão
Que será p'rá vida inteira
O nosso amor, meu amor
É bom e faz-me sofrer
Prazer que me traz a dor
Do medo de te perder
Ai De Mim Que Me Perdi
Ai de mim que me perdi
Pelos caminhos do tédio
Perdi-me cheguei aqui
Agora não tem remédio
Ai de mim que me perdi
Perdi-me no fim da estrada
Ai de mim porque vivi
A vida desencontrada
Tantos caminhos andados
Não fui eu que os descobri
Foram meus passoa mal dados
Que me trouxeram aqui
Perdida me acho na vida
E a vida já me perdeu
Ando na vida perdida
Sem saber quem a viveu
Por mais que queira encontrar
A razão do meu viver
A razão de cá andar
Não posso compreender
Que culpa tem o destino
Dos caminhos que eu andei
Fui eu no meu desatino
Que andei e não reparei
Perdida estou sem remédio
Meu pecado é meu castigo
Pecado é morrer de tédio
Castigo e viver contigo
Faz-me Pena
Que culpa tem o destino
Deste destino que eu tenho
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho
É meu destino
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho
Se o desespero matasse
Eu já teria morrido
Talvez alguém me chorasse
Talvez o tenha merecido
Talvez alguém
Talvez alguém me chorasse
Talvez o tenha merecido
Sinto que cheguei ao fim
Das ilusões que não tive
Porque alguém gosta de mim
Algo de mim sobrevive
Cheguei ao fim
Mas se alguém gosta de mim
Algo de mim sobrevive
Adeus que chegou a hora
Há muito a venho esperando
E se por mim ninguém chora
Faz-me pena e vou chorando
Já vou embora
E se por mim ninguém chora
Faz-me pena e vou chorando
(Versos de Amália Rodrigues)
Onde que que estejas Amália, obrigado por tudo....
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
Minha Amada Solidão
Minha amada solidão
Que todos os dias me deito contigo na cama
Apenas tu não me deixas só na escuridão
Minha companhia e de quem ama
Já conquistaste o meu coração
Do qual já só restam cinzas sem nenhuma chama
Já não bate, não tem razão
Agora só sangue derrama
Minha querida agonia
Porque decidiste ser só minha ?
Ainda o meu coração mal batia
E já te tinha como vizinha
Nunca me largues como eu queria
Na minha vida és rainha
Em cada maldito dia
Sempre a pisar a linha....
Tantos gritos mudos presos no peito
Aqui deambulam por este coração enjaulado
Sem que nada seja feito
Vou enlouquecendo com tanto desperdiçado
E por mais que tente nao me ajeito
Esta dor que anda sempre a meu lado
Com a qual todos os dias me deito
É este o meu fado
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
Alta Insaciedade
Disse um poeta que a morte é a nossa única maneira de finalmente termos calma, paz, descanso e sossego. Cada vez mais penso que deve ser verdade. Sentirmo-nos numa queda constante, tirarem-nos o chão dos pés. Há alturas em que pensamos se algum dia as coisas irão finalmente correr bem e se a vida finalmente se endireitará. Invariavelmente a resposta parece ser não. Quanto mais se tem de sofrer ? Quanto mais se tem de bater com a cabeça ? Quantas vezes mais se é obrigado a cair ? Sei que nada sei é certo, mas.... Não haverá limites ? Que fazer ? Que esperar ? Que querer ? Acho que sozinho faço parte de uma classe social, a "Alta Insaciedade".... E aqui vou esperando o momento em que há-de chegar finalmente a minha calma, a minha paz, o meu descanso, o meu sossego.... Não sei que haverá depois disso mas talvez aí tenha uma oportunidade para me redimir e das asas ao meu descanso eterno.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
Evolução Auto-Destrutiva
Para onde caminha a humanidade ? Não falo no sentido metafísico ou filosófico, falo no sentido práctico, real. De vez em quando ouve-se esta pergunta, e a resposta é, invariavelmente, a mesma. Está perdida. Pessoalmente concordo na esmagadora maioria das coisas que levam a pensar e deduzir que realmente estamos perdidos. Por onde começar ? Pelo clima ? Pela poluição ? Pela sobrepopulação ? Pela corrupção ? Nem sei por onde, como diria uma amiga minha o mundo está como uma esfera, não tem ponta por onde se lhe pegue. Ainda no outro dia estive a ler um artigo científico sobre o aquecimento global, e que dizia que quem mais vai sofrer somos precisamente nós, Portugal e toda a peninsula ibérica. Estima-se que com o avançar dos anos toda a peninsula se torne literalmente um imenso deserto com as temperaturas a atingirem niveis exorbitantes e impossíveis de suportar (bem acima dos 50 graus), o que obviamente levará a uma massiva emigração (não só por nossa parte mas em todo o mundo). E como é obvio o clima que nós temos agora (mediterrâneo) irá consequentemente subir para o norte da Europa, ficando assim os países mais a norte com o nosso actual clima (Inglaterra, Alemanha,e mesmo Suiça Dinamarca e quase toda a Escandinávia). Ora isto também terá como é obvio repercussões muito além do ambiente. A nível de agricultura por exemplo, cada clima tem as suas respectivas possibilidades de produção, sendo o clima mediterrâneo um dos melhores pois tem uma temperatura amena que permite grande diversidade de produção (frutas, verduras, cereais, etc etc). Mas claro que, com o aumento das temperaturas, e tornando-se toda a nossa peninsula ibérica num autêntico deserto, quase tudo (senão mesmo tudo....) o que produzimos e podemos produzir, com as temperaturas que farão, se deixará de produzir e de poder produzir, e passando também assim a ser produzido pelos países mais mais a norte que ficarão com o "nosso" clima. Claro que infelizmente não se fica por aqui. A nível turístico será outro imenso problema, pois num sítio desértico e com temperaturas insopurtáveis ninguém fará obviamente turismo, passando também este para os países mais a norte que ficarão com o clima mediterrâneo, proporcionando assim também a possibilidade do turismo. Dá para imaginar daqui a uns anos (e bem menos do que aqueles que imaginamos....) ir-se de férias para as praias da Bélgica ou da Escandinávia ? É realmente caricato, mas somos apenas nós os culpados.
E se efectivamente o nível das águas também aumentar como se espera e prevê, haverá milhões e milhões de pessoas no mundo que também terão de emigrar pois os seus territórios ficarão submersos (só na região da Ásia em particular na China (irónico) que será uma das mais afectadas estimula-se que haverá qualquer coisa como mais de 500 milhões (!) de refugiados). A própria Holanda desaparecerá praticamente toda. Quem me dera que isto fossem apenas dados pessimistas, e um meio de assustar as pessoas de maneira a consciencializá-las, mas muito infelizmente não é. Isto é real, isto é o futuro.... Na minha modesta opinião a culpa de tudo (são muitas e em todos os sectores de toda a sociedade) é claramente o excesso e população que existe. Somos 6 Biliões (!!) no mundo. 6 Biliões !! No início do século XX éramos cerca de 1 Bilião "apenas". Ora como se sabe um só humano gasta por ano milhares e milhares de litros de água, e produz toneladas de lixo e dos mais diversos desperdícios, come centenas/milhares de quilos de comida, e a lista mantém-se por mais não sei quantas coisas. Agora multipliquem todas estas toneladas e litros por 100 pessoas.... e agora multipliquem por 15.000 pessoas.... e por 2 milhões de pessoas.... por 256 milhões.... e agorapor 6 Biliões.... pois.... A este ritmo é normal que tudo acabe e bem depressa, aliás bem mais depressa do que pensamos. O nível populacional, a meu simples ver não deveria nunca ultrapassar a fasquia do Bilião e meio, 2 Biliões de pessoas. E o que já é provavelmente muito, mas isto é apenas uma estimativa básica, pois muito provavelmente acima de 1 Bilião já existe um nível populacional exagerado. Mas agora já é tarde demais para reduzirmos ou fazer o que quer que seja. Claro que se cada um fizer o seu papel e OBRIGAÇÃO, como a reciclagem (não só do papel, mas também de tudo o resto como o plástico, o vidro, as pilhas, etc) reduzir o consumo excessivo e estúpido que fazemos de literalmente tudo desde banho, a lavar os dentes, enfim, ás mais pequenas coisas que parecem irrelevantes e insignificantes, mas que multiplicadas por 6 biliões (!!) fazem uma diferença e que não é nada pouca.... Só por exemplo, se pouparmos por dia, cada vez que lavemos os dentes 2 meros litros de água, TODOS OS DIAS serão poupados 12 BILIÕES de litros de água (isto estimando apenas a uma lavagem por dia obviamente....). E assim é na lavagem de dentes, como no gasto de luz, de comida, de lixo, de papel, enfim, de literalmente tudo mesmo. Não sei se será suficiente para salvarmo-nos a nós próprios da nossa auto-destruição, ou se será suficiente e se vamos a tempo (o que não me parece pois já entrámos há muitos anos numa fase irreversível) mas ao menos que consigamos abrandar a destruição a que estamos condenados, e conseguir adiá-la ao máximo possível. Claro que há imbecis que dizem sempre "Poupar dois litros de água ? Se mais ninguém o faz por que é que eu o faria ?? Não serão os meus 2 litros de água a salvar o planeta !". Pois aí é que está. Primeiro até serão mesmo os dois meros e míseros litros de água de cada um a salvar o planeta, e depois, mesmo que mais ninguém o faça NÓS fazemo-lo. Ao menos a nível de consciência já nada nos pode atormentar, e mesmo que mais ninguém no mundo saiba ou venha a saber quem mais importa sabe-o, nós mesmos....
E com as coisas mais insignificantes e irrelevantes se pode poupar e salvar assim milhares e milhares de outras coisas. Está em todo o lado, agora cabe-nos a nós talvez já não salvar o planeta mas pelo menos fazer com que a sua destruição seja mais lenta e adiá-la o máximo possível. Com sítios como as Maldivas, as Seychelles, o Tahiti, a Polinésia Francesa, o Grand Canyon, os Fiordes da Noruega, a floresta amazónica, os golfinhos, os tigres, o pôr do dol, e tantas tantas outras milhares e milhões de coisas, acho que até é capaz de valer a pena tentar salvar (ou adiar a destruição) deste nosso planeta. Ou será que nem isso somos capazes ? Um milhão de anos de "evolução" humana para chegarmos á auto-destruição.... Não somos afinal assim tão inteligentes....
Mas ainda podemos tentar ser espertos....
sexta-feira, 5 de janeiro de 2007
Refúgio
O teu cheiro é o mais afrodisíaco dos aromas
Teus lábios o mais doce dos paladares
A tua pele a mais sedosa das texturas
E o teu toque o mais perfeito dos êxtases
Em ti perco os meus sentidos
Confundo os meus lábios com os teus
Despisto as minhas mãos no teu corpo
Desnorteio-me só com o teu olhar
És como uma lareira
Ardente, que me aquece no inverno
Não te poder ter sempre á minha beira
É o pior inferno
O teu abraço tão meigo mas forte
Que quase me tira a força nas pernas
Faz de mim teu, até depois da própria morte
E das nossas memórias únicas e eternas
Quando tudo te parecer desabar
Quando tudo te parecer não fazer sentido
Sabes sempre onde me encontrar
Sabes sempre onde tens o teu refúgio
segunda-feira, 1 de janeiro de 2007
Arrojos
Com tantos poetas extraordinários Portugueses (provavelmente o país com mais e melhores poetas no mundo) é extremamente difícil não cair na tentação de editar aqui pelo menos um ou outro poema de alguns deles ( Fernando Pessoa e repectivos heterónimos, Florbela Espanca Cesário Verde, etc etc).
Por isso hoje aqui exponho um dos mais lindos poemas de Cesário Verde intitulado de "Arrojos".
Arrojos
Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.
Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos "mignonnes" e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.
Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos nocturnos.
Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.
Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.
Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.
Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.
E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
Às mesas espelhentas do Martinho.
Cesário Verde